A inteligência artificial, impulsionada pelo crescimento das HRTechs no mundo todo, tem sido bastante utilizada para auxiliar no recrutamento das grandes empresas. Mas os benefícios dos algoritmos para a gestão de recursos humanos nas corporações transcendem a etapa de seleção, e urgem alcançar um processo ainda mais estratégico para as companhias: a retenção de talentos.
Levantamento da consultoria McKinsey & Company aponta que apenas 3 em cada 10 funcionários se sentem totalmente engajados no trabalho. Em adição, apenas 21% dos profissionais acreditam que suas performances são avaliadas corretamente. Como consequência da falta de uma avaliação adequada pelas organizações, grande parte dos colaboradores não se sente valorizada, nem sabe com clareza qual caminho estão trilhando dentro da corporação, o que acaba resultando na perda de excelentes profissionais.
A forma como os processos de avaliação de desempenho são realizados atualmente pelas empresas apresenta vícios que dificultam o processo, como ênfase aos aspectos negativos das entregas, e não aos positivos. A conversa entre o gestor e o funcionário, que ocorre apenas uma vez por ano, gera desconforto e nem sempre atribui responsabilidade pela melhoria esperada. Desta forma, o desenvolvimento individual é deixado sob a responsabilidade da empresa que precisa disponibilizar mais recursos para o aprimoramento de seus colaboradores, reforçando um certo comodismo na equipe.
Um upgrade moderno deste processo é possível com a incorporação da inteligência artificial. Existem disponíveis hoje uma série de ferramentas que auxiliam as empresas em diversas operações estratégicas, inclusive no que diz respeito à gestão dos recursos humanos, o capital mais valioso de toda corporação. Por meio de algoritmos de inteligência artificial, é possível fazer uma avaliação de desempenho mais adequada, que trabalha com o conceito de feedforward (em oposição ao feedback, com foco apenas no passado). Com visão de futuro, o feedforward traz o reforço positivo para o indivíduo, o que acentua a probabilidade de repetição do comportamento favorável pelos demais.
As percepções devem ser regidas por uma pergunta: quais foram as contribuições do indivíduo para que os resultados empresariais fossem alcançados? A análise deve ocorrer por completo. Para isso, lança-se mão do conceito sistêmico representado por um triedro chamado de Triângulo das Polaridades, que reúne três grandes dimensões: ação, conexão e conhecimento. As três dimensões quando em plena potência geram na organização a criação de um equilíbrio chamado também de 4ª dimensão ou Alta Performance que, por definição, cria na organização uma dinâmica de eficácia direcionando todos colaboradores na obtenção de resultados empresariais máximos.
Toda esta mudança passa pelo uso de inteligência artificial. Ao mapear as percepções dos indivíduos de forma anônima, com ênfase nos aspectos positivos, de olho no futuro, a tecnologia leva a correções de rota que tornam o desenvolvimento do indivíduo mais leve, mais dinâmico e mais maduro. Além disso, retira da empresa o peso da promoção de programas de desenvolvimento e transfere a responsabilidade pelo autodesenvolvimento ao indivíduo.
(*) Susana Falchi é CEO da HSD Consultoria em RH e criadora do PSIT, App que mapeia percepções para autodesenvolvimento dos colaboradores